UMA EXPERIÊNCIA GRATIFICANTE
Existem situações que realmente surpreendem positivamente nós docentes. Semana passada, trabalhei em classe, na turma de Ciências Contábeis da FAZAG (Faculdade Zacarias de Góes) aqui em Valença o texto “Como a taxa de juros controla a inflação?” também aqui publicado. Foi requisitado dos discentes que após a leitura e debate sobre o artigo, os mesmos elaborassem outro texto onde fosse ventilada a melhor estratégia para a nossa inflação hoje. Para minha surpresa, as produções foram tão pródigas que não posso deixar dividir uma com nossos leitores aquela que considerei mais pertinente. Segue abaixo, na íntegra o texto do alunoMarcelo Santos da Anunciação:
Qual a melhor estratégia para a nossa economia hoje: inflação mais baixa com crescimento econômico restrito ou maior crescimento correndo risco de maior inflação?
A inflação no país tem se tornado, nos últimos anos, extremamente preocupante. O crescimento da economia, segundo a BBC, tem sido baixo com alta inflação. Muito se ouve falar sobre o período entre os anos de 1964 e 1994 quando o país pode presenciar um estado de hiperinflação que foi significativamente diminuída após a adoção do plano real. A moeda foi lançada em julho com uma inflação de 47,43% e em setembro já havia baixado para 1,53%.
O Brasil estabeleceu um sistema de metas para inflação estipulando o valor da taxa em 4,5%, mas vale salientar que ainda encontra-se longe de um estado assertivo. Segundo a BBC o IBGE apurou de 2013 para 2014 uma taxa de 6,64%, ultrapassando o previsto pelo governo, mostrando que a estratégia não está surtindo o efeito desejado.
Um forte palpite sobre a causa do desequilíbrio está nas condições climáticas que prejudicaram bastante a oferta de determinados alimentos, tais como o tomate, a mandioca, a soja, o trigo, entre outros que são base para alimentação humana, isso fez com que os preços aumentassem em torno de 150%, como foi o caso da farinha de mandioca que registrou um aumento de 151,39%, segundo dados do IBGE.
Entretanto, o equilíbrio econômico envolve uma série de fatores extremamente complexos.
Historicamente, o país enfrenta um forte quadro de desigualdades sociais.Apesar de muito ter mudado, o acesso à educação de qualidade, a cursos de profissionalização e qualificação de mão de obra ainda é restrito, caro. O desemprego tem diminuído consideravelmente em alguns setores, as oferta de vagas de emprego são anunciadas nos meios de comunicação, mas não existe mão de obra qualificada para assumir determinadas vagas. O PAT Valença registra uma série de vagas de emprego para a cidade,
mas encontra-se no mesmo dilema: falta mão de obra qualificada para assumir as vagas.
Os salários vêm aumentando, as pessoas estão consumindo mais, sendo que a oferta de bens de consumo tem diminuído causando desequilíbrio nos preços.
Neste panorama, não seria fácil optar por uma das alternativas propostas no princípio do trabalho, sendo que se trata de uma questão complexa. Desta maneira, pode-se assumir que a melhor alternativa seja a busca de um ponto de equilíbrio entre as propostas, apoiado em um projeto sistemático e de longo prazo com foco na construção de uma nova mentalidade econômica para as próximas gerações. Será um processo lento, mas os resultados já poderão ser vistos em pelo menos 20 anos, estima-se. O governo vem tentando diminuir os preços por meio da desoneração tributária, por exemplo, mantendo o IPI reduzido até dezembro. Além disso, desonerou a cesta básica, a energia elétrica e a folha de pagamento de inúmeros setores, entre outras práticas. Alguns especialistas concordam que estas medidas são meramente paliativas ou tendenciosas por privilegiarem determinados setores.
Segundo a FGV-SP, o governo deveria estimular a concorrência para trazer os preços para baixo, mas entreve-se que se trata de uma medida paliativa, de caráter prescritível. Em comparação ao que se pratica em países como Estados Unidos as margens de lucro das empresas brasileiras ainda são baixas e mesmo assim não da pra comparar realidades tão distintas.
Deste modo, pode-se afirmar que todas as propostas que foram apresentadas poderiam ser implementadas no curto prazo enquanto um projeto maior estivesse sendo posto em prática concomitantemente, com foco em políticas públicas voltadas para a educação de base, com vistas a formação de uma nova mentalidade. Assim, pode-se começar a visualizar um panorama econômico diferente, mais equilibrado, sem com isso ter a pretensão de eliminar todos os males. Embora, como ponto de partida, deva-se imaginar que os resultados podem exceder as expectativas.