Caneta Afiada

Caneta Afiada

Sandro Penelú

TIÃO PEREIRA - VINTE E UM ANOS SEM O MESTRE

11 de junho de 2021 \\ Caneta Afiada

*TIÃO PEREIRA – VINTE E UM ANOS SEM O MESTRE – Há 21 anos, “partia para o andar de cima” o maior incentivador cultural que Feira de Santana conheceu: Tião Pereira. Ele editou durante uma década o Informativo Cultural, um jornal inteiramente voltado para a divulgação e valorização dos artistas locais, revelou diversos nomes em vários campos da arte, produziu com êxito diversos festivais de música, fazendo surgir uma gama de cantores e compositores, que hoje fazem sucesso dentro e fora de Feira de Santana. Além de jornalista e professor, Tião Pereira foi também um artista, tendo se destacado como ator, teatrólogo, poeta, romancista e compositor. Tião era autodidata por natureza. Gostava de se desembaraçar sozinho quando a vida o colocava em obstáculos difíceis de serem transpostos. Incrível e inacreditável é o fato de não existir nada em Feira de Santana ligado à cultura, batizado com o seu nome. Resta a esperança de um dia os homens do poder pensarem com mais carinho no assunto, imortalizando de vez o nome de alguém tão importante para todas as artes em Feira de Santana.


*FATOS CURIOSOS ENVOLVENDO TIÃO PEREIRA – Na década de 1980, Tião conseguia colocar em circulação semanal um jornal todo feito numa pequena máquina de datilografia e rodado num mimeógrafo a álcool. Começava a germinar ali as sementes do jornalismo cultural em Feira.


*OUTRA DE TP – Sempre autodidata, Tião juntou um dinheirinho e se dirigiu até uma loja de carros para comprar o seu veículo, um Fiat 147. Não sabia dirigir, mas isso pra ele não era problema. O vendedor mostrou-lhe o carro, fecharam a compra e lhe entregou as chaves, perguntando se era ele mesmo quem iria dirigir. Tião respondeu logo que sim e que só precisava que lhe fosse mostrada a posição das marchas (rsrs). O vendedor lhe mostrou e TP deu a partida no veículo e só foi parar em Nova Soure, onde tinha uns amigos e acabou indo visitá-los de carro próprio.


*MAIS UMA DELE – Ainda na década de 1980, vendo que o bairro onde morava estava um pouco parado em termos de atividades culturais, ele conseguiu criar um grupo de teatro e, em cima de um caminhão, armou um palco, lotando a praça central do bairro para ver a estreia do espetáculo. 


*ESTA ATÉ PARECE UMA PROFECIA – Por várias vezes, na redação do Informativo Cultural Tião nos dizia que só iria morrer depois que visse (in loco) as comemorações da virada de ano em Copacabana. E foi o que ocorreu: ele viajou para o Rio, no final da década de 1990. Presenciou a virada de ano, em Copacabana, depois viajou para São Paulo e lá completou o seu destino, no dia 26 de maio de 2000.


*APENAS MAIS UM AGRADECIMENTO E RECONHECIMENTO – Tião foi o grande incentivador da minha carreira artística. Era ele quem me apresentava aos donos de bares, etc. Se hoje meu trabalho é reconhecido em Feira, devo muito a esse que hoje é um dos meus anjos de guarda: Tião Pereira.