Acaba logo, agosto!
Nossa! Como somos supersticiosos! Independente da religião que abraçamos, da cultura a que fazemos parte, nós, seres humanos, somos muito supersticiosos. Quer ver um exemplo? Quantos de nós não nos lembramos a cada primeiro de agosto como o mês que se inicia é considerado o mês do azar? Pois é. E você acha que essa é mais uma crendice baiana? Não mesmo. Em muitas partes do mundo agosto é o mês do mau-agouro. Mas você sabe por quê?
O oitavo mês não foi batizado de agosto por acaso. Os romanos deram esse nome em homenagem ao Imperador Augusto, quando estavam acontecendo os mais importantes fatos de sua vida, destacando-se, a conquista do Egito e sua elevação à dignidade de cônsul. Mas, acreditem! A razão, o porquê de agosto ser considerado o mês do azar não está na Roma antiga.
Nessa busca do local e época em que agosto começou a ser mal dito, cheguei à Península Ibérica do século XV. Nem em Portugal, nem Espanha as mulheres casavam no mês de agosto, época em que os navios das expedições zarpavam à procura de novas terras. Casar em agosto significava ficar só, sem lua-de-mel e, às vezes, até mesmo viúva. Terão os colonizadores portugueses incorporado esta crença à nossa cultura tupiniquim?
Nossos vizinhos argentinos têm uma crença ainda mais estranha. Lá não é aconselhável lavar a cabeça durante todo o mês de agosto. Quem o faz está chamando a morte.
Ou seja, a crença popular de que agosto é o mês de desgosto não é meramente um ditado popular; é também, uma superstição internacional de grande aceitação entre nós, especialmente na zona rural do país, principalmente nas cidades que fazem parte do polígono das secas, região onde o processo de colonização foi homogeneamente português.
Portanto, ainda que a maioria se diga incrédulo aos azares próprios do mês de agosto, ainda há muitos não se casam, não se mudam, não viajam e não fazem negócios no oitavo mês do ano.
O que não se pode negar é que, segundo a história, em matéria de desastres, agosto é imbatível. Duvida? Então vamos aos fatos:
No dia 24 de agosto de 1572 Catarina de Medici ordenou o massacre de São Bartolomeu, que ceifou milhares de vidas.
No dia 14 de agosto de 1831 os poloneses foram vencidos pelos russos na chamada revolta de Varsóvia e muita gente morreu sonhando com a liberdade.
Na cidade de Nova York, no dia 6 de agosto de 1890, o primeiro homem foi eletrocutado numa cadeira elétrica, como se o governo americano, arvorando-se em defensor de sua sociedade, achasse justo tirar a vida de um homem que tirou a vida de outro, isto é, fazendo a mesma coisa.
No dia 1º de agosto de 1914 começou a 1ª Grande Guerra Mundial.
Com a morte de Hinderiburgo ocorrida no dia 2 de agosto de 1932, Hitler assume o governo da Alemanha.
Não satisfeitos com milhões de vítimas causadas pela I Grande Guerra Mundial iniciada no dia 1º de agosto de 1914, os homens iniciam a II Grande Guerra Mundial em agosto de 1939.
Mais de duzentas mil pessoas morreram nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, quando as cidades de Hiroshima e Nagazaki foram destruídas pela bomba atômica, deixadas cair pelos pilotos Thomas Ferrebre e W. Copoeland.
No dia 13 de agosto de 1961 foi iniciada a construção de um muro, em Berlim, depois mais conhecido como o Muro da Vergonha.
O Paquistão e a Índia começaram a lutar no dia 25 de agosto de 1965.
Na Irlanda do Norte, no dia 12 de agosto de 1968, católicos e protestantes começaram a se matar em nome de Deus.
Durante o mês de agosto de 1952 caiu um DC-3 em Goiás, matando vinte e quatro pessoas e, em São Paulo, caiu um avião Presidente com um saldo de quarenta e seis mortos e trinta feridos. Em agosto de 1963 dez pessoas morreram em conseqüência de um choque entre aviões da Força Aérea Brasileira, em Viçosa, Alagoas.
No dia 4 de agosto de 1963 dois aviões de treinamento da FAB se chocaram em Jacarepaguá ocasionando a morte de seis aspirantes da aeronáutica.
Em agosto de 1965, um avião da TAP caiu em Cuiabá, fazendo oito vítimas.
Em agosto de 1965 o navio "Duque de Caxias" pegou fogo em Cabo Frio, quando trinta pessoas perderam a vida.
Em agosto de 1955 cinco pessoas morreram no incêndio da boate Vogue, dentre elas o cantor americano Warren Hayes.
Em agosto de 1958, uma violenta explosão seguida de um pavoroso incêndio, num paiol de pólvora do Exército em Marechal Deodoro, matou dezenas de pessoas, deixando milhares de desabrigados.
Em agosto de 1959, um incêndio que destruiu uma fábrica de tintas, no Rio de Janeiro, fez cinco vítimas, entre as quais três bombeiros.
Como resultado de uma crise política que assolou o país, suicidou-se, às 08:30 horas do dia 24 de agosto de 1954, no Rio de Janeiro, o então presidente da República Getúlio Vargas, renunciando, assim, não somente à presidência da República como também à vida.
Forças estranhas fizeram com que o presidente Jânio Quadros renunciasse à presidência da República no dia 25 de agosto de 1961.
Vítima de um desastre automobilístico, Juscelino Kubitscheck faleceu no dia 22 de agosto de 1976.
Nem de longe esse artigo tenta justiçar ou avalizar crendices populares, mas depois de conhecer tantas desgraças acontecidas neste mês, não custa nada torcer: “acaba logo, agosto!”