Precisamos de algo além de CO²

29 de julho de 2013 \\ Osmando Barbosa

Apesar de tantas manifestações e descrenças, nossa economia continua a apresentar resultados preocupantes. Apesar de nossa taxa de desemprego continuar baixa, seus números deram uma recuada.  Assim, saiu da casa dos 5% para voltar para a casa dos 6% em junho. A taxa calculada pelo IBGE mostra que o mercado de trabalho continua estável, mas perdendo vigor.
 
Cresce a população economicamente ativa (PEA), ou seja, a quantidade de pessoas que estão aptas a trabalhar. Cai a taxa de ocupação, quer dizer, a quantidade de gente empregada. O rendimento médio também perdeu força e cresceu em junho a uma taxa menor que no mês anterior. Como que para fechar um primeiro semestre desapontador, o nível de emprego no país parece ter feito uma parada de reconhecimento do entorno. E que entorno é esse?
 
“Claramente há uma perda importante de velocidade da economia. O mercado de trabalho está ainda aquecido, mas todo o resto aponta para uma economia que está perdendo dinamismo. E a origem mais recente desse quadro está em dois pontos: a perda de confiança dos agentes econômicos, principalmente de junho para cá, e o segundo aparece mais forte agora – a perda de fôlego no mercado de trabalho”, disse o economista Marcelo Fonseca, da MSafra em entrevista aos meios econômicos na última semana.
 
A pesquisa feita pelo IBGE mostrou o que já se esperava: a indústria tem liderado o processo de desaceleração do emprego. A ocupação no setor perdeu 120 mil pessoas. E logo em junho, um mês em que a indústria aumenta seus quadros para dar conta das encomendas para o final do ano. Os serviços tiveram bom desempenho mês passado, segundo os números do Caged, cadastro com empregos formais. Surgiu a dúvida se seria reflexo da Copa das Confederações.
 
Numa entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo”, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que é preciso clareza nos objetivos do governo e, principalmente, em como eles serão alcançados. Ficou todo mundo esperando o anúncio dos cortes no orçamento deste ano para ver se alguém tinha ouvido o recado do nobre colega. O governo vai cortar R$ 10 bilhões.
 
“O anúncio de corte de gastos mostra que (o ministro da Fazenda) Guido Mantega perdeu, já que o governo está com medo do impacto no crescimento. O anúncio foi cosmético e não contribuiu para aumentar a clareza, como havia pedido o Tombini”, diz Marcelo Fonseca.
 
No rescaldo desta metade de semana, ainda está o resultado do setor externo no primeiro semestre do ano – o pior registrado desde 1947! Mais de US$ 43 bilhões de déficit. Para ajudar a cobrir essa conta entraram pouco mais de US$ 30 bilhões no mesmo período de investimentos estrangeiros diretos. Não deu para fechar, né?
 
O problema é que, atualmente, são raras as boas novas que vêm de nossa economia. Primeiro foi a inflação. Depois o PIB, as contas externas, o dólar e agora, o emprego. Para tira-los de lá, o investimento seria um forte salva-vidas. Mas, por enquanto, de plantão, só os bombeiros. Precisamos de algo além de CO².