Salvaguardando Nossos Jovens
Estava revendo algumas notícias dos últimos dias enquanto decidia sobre que tema abordaria esta semana. Depois de alguns minutos, deparei-me com o recorte que relatava o ataque de tubarão que vitimou a jovem Bruna Gobbi no Recife a quase um mês atrás.
Para quem não soube, ou não lembra, a paulista Bruna Gobbi, uma jovem de apenas 18 anos, foi a primeira mulher morta por um tubarão em Pernambuco. Bruna foi mordida na tarde da segunda-feira 22 de julho, na praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, na altura do edifício Castelinho. Ela chegou a ser socorrida, teve parte da perna amputada (cerca de quinze centímetros acima do joelho), mas morreu por volta das 23h30 no Hospital da Restauração, na área central do Recife.
Durante dias, semanas, talvez, esse foi um dos assuntos mais comentados pelos jovens nas redes sociais. Lembro-me que uma das postagens que tive acesso mostrava um garoto bastante impressionado, pois havia morado exatamente no prédio em frente ao local do acidente. Ele confirmava o quão perigoso era nadar naquelas águas. Mas, as postagens subsequentes passaram a enveredar para o lado do destino. A maioria de dos comentários lembravam a tese de que ele está escrito, não podendo ser mudado.
Sem acreditar nesta ideia ou querer culpar algo ou alguém pelo ocorrido – destino, tubarão, governo, placas, corrente de água, a própria Bruna, ou qualquer outra coisa – o que realmente ocorreu nunca saberemos ao certo. Porém, o assunto propicia uma reflexão sobre os adolescentes. Mais especificamente um aspecto comum a eles: a onipotência.
A adolescência é a época de oposição às figuras de autoridade e de experimentar ser dono de seu próprio nariz. Os jovens costumam sentir serem invencíveis, donos da razão e imunes a qualquer coisa – acham que estão no controle. O que os coloca, muitas vezes, em risco. Um exemplo é o consumo de álcool e drogas. Naquela ideia de que sabem seus limites, de que já são “adultos”, muitos entram em enrascadas, seja tomando porres homéricos, seja tornando-se dependentes das mais variadas drogas.
O mesmo se percebe com a sexualidade. Apesar de informados sobre doenças sexualmente transmissíveis e o risco de gravidez, muitos ainda não usam preservativos.
Com as vítimas dos incidentes com tubarões nas praias do Recife parece que esta tese faz sentido: nos últimos 20 anos, 70% delas tem entre 14 e 25 anos.
No caso de Bruna, ela e seu grupo haviam sido avisados do perigo de nadarem onde estavam. Inclusive, há placas avisando sobre os tubarões. Mesmo assim, arriscaram-se. E deu no que deu.
Apesar de poderem fazer muito mais coisas que antes, o que os jovens precisam entender é que eles não são blindados. Caso não tomem os cuidados necessários, eles correm os mesmos riscos que as outras pessoas. Inclusive de morrer como a Bruna. Morrer não é privilégio dos idosos. É muito triste o que aconteceu. E nossa obrigação, enquanto pessoas mais maduras, é exatamente mostrar-lhe suas fragilidades, salvaguardando-os de si mesmos.
Osmando Barbosa Caldas Filho