Petrobras Tem Maior Desvalorização da América

03 de julho de 2011 \\ Osmando Barbosa

Em meio aos festejos de São João, uma notícia assombrou a todos. As ações preferenciais da Petrobras alcançaram uma marca nada positiva para os seus acionistas. Exatamente no dia 17 de junho, seus papéis encerraram negociados a 23,24 reais. Isso mesmo! Exatamente metade dos 46,48 alcançados há pouco mais de três anos, no dia 21 de maio de 2008, quando atingiu o nível mais alto já negociado em sua história.
Assim, a Petrobras é a empresa que mais perdeu valor de mercado entre todas as companhias que têm ações negociadas na Bolsa de Valores dos países da América Latina e dos Estados Unidos. Os dados não são nada animadores: entre 27 de março e 20 de junho, a empresa “perdeu” R$ 75 bilhões, ou US$ 47,2 bilhões nos valores de hoje, segundo números divulgados na terça-feira, 21 de junho pela Economática (site especializado na área).
No final do primeiro trimestre, a empresa tinha valor de mercado de R$ 392,8 bi, ou US$ 247,1 bi, Três meses depois, esse número caiu para R$ 317,6 bi (US$ 19,8 bi).
Explicando rapidamente, o valor de mercado é calculado a partir do produto do total das ações existentes daquela empresa no mercado e o quanto elas valem. Ou seja: se uma empresa que tem 35.000 ações negociadas na Bolsa de Valores a R$ 8,00 cada uma, isso implica que essa companhia terá valor de mercado de R$ 280.000,00.
No entanto, não foi a Petrobrás a única a espantar seus acionistas. O Google desvalorizou 32,5 bilhões de dólares! Nesse nada almejado ranking, a empresa alcançou o segundo lugar a Economática. Seu valor de mercado foi de US$ 188,6 bi para 156,1 bi. No terceiro posto aparece a gigante da tecnologia Apple que foi capaz de acumular uma perda em valor de Mercado na casa dos R$ 46,7 bi (US$ 29,4 bi).
A seguir vêm os bancos Bank of America, Wells Fargo e JP Morgan Chase, com desvalorizações que variaram entre R$ 34,9 bi (US$ 22 bi) e R$ 42,9 bi (US$ 27 bi). A Vale do Rio Doce é a 15ª da lista. Entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano, a segunda maior mineradora do mundo se desvalorizou em R$ 20,1 bilhões (US$ 12,7 bilhões). Seu valor de mercado passou de R$ 259,9 bi (US$ 163,5 bi) para R$ 239,7 bi (US$ 150,8 bi).
A desvalorização da Petrobras ocorre em meio à demora do governo para aprovar o plano de investimento da empresa para os próximos anos. Assim, a empresa terá que apresentar pela terceira vez seu plano de investimentos e negócios para o período de 2011 a 2015.
O conselho de administração da Petrobras, presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, não aprovou a previsão de gasto de US$ 224 bilhões para o período, por conta disso, o grupo pediu mais estudos sobre o pacote.
Na primeira vez que rejeitou o plano, em 13 de maio, o conselho pediu para que a diretoria cortasse o volume de investimentos, que se aproximava dos US$ 250 bilhões, para algo próximo aos US$ 224 bilhões projetados no plano anterior, de 2010 a 2014.
Para o analista Lucas Brendler, da Geração Futuro, a notícia é positiva para a Petrobras porque mostra que está havendo cautela por parte dos dirigentes da companhia. Em suas palavras “...provavelmente não se adequou ao que eles (conselho) querem e é positivo para a empresa, porque mostra que estão tendo cautela, afinal, é muito dinheiro envolvido. Não demora muito sai”.