ALMANAQUE BAIANO

29 de maio de 2013 \\ Almanaque Baiano

Citação da Semana
“O terrorismo eleitoral já começou”. Rui Falcão, presidente do PT, sobre o boato a respeito do fim do programa Bolsa Família.
Livro
Será lançado na Câmara Municipal de Feira de Santana às 10h o livro “Chico Pinto a Voz que Desafiou a Ditadura”, da escritora Ana Tereza Batista. Esta edição faz parte do projeto coleção Gente da Bahia, que contém perfis biográficos de personalidades – de todos os ramos da atividade humana – que moldaram o que convencionou chamar como “baianidade”. Já foram publicados 25 perfis e outros estão em fase de produção. É um projeto cultural da Assembleia Legislativa da Bahia.
Reeleição
Os deputados da bancada do PP – são cinco – estão liberados para tomar qualquer posição com relação à proposta de emenda constitucional que restringe a reeleição de presidente da Assembleia. A informação é do deputado Cacá Leão, que assinou, juntamente com Luiz Augusto, o requerimento para tramitação da PEC.
Sucessão
Queiram ou não, é coisa nova na Bahia uma sucessão governamental com frisson em torno do que acontecerá. Pela primeira vez, em quase 30 anos, as forças políticas convulsionam-se pela tomada do poder, o que não aconteceu no período do carlismo, pois mesmo a eleição de Jaques Wagner em 2006 foi uma embasbacante surpresa.
Da inexistência de candidatos com chance razoável de vitória no passado, vivemos agora a multiplicação dos nomes – para disputar ou pelo menos exercer influência num processo que antes, embora, evidentemente, levasse em conta posições e capacidades, tinha comando com mão-de-ferro.
Hoje, o controle pode ser uma tentação, mas de difícil consumação. O que temos, numa avaliação linear, é que o governador Wagner quer o secretário Rui Costa, pessoalmente confiável, e crê que sua posição é fundamental para concretizar o projeto. Dentro do PT, outros setores pleiteiam, sendo o mais factível o do senador Walter Pinheiro.
Mas na base do governo – bote-se aí, por baixo, uns 20 deputados estaduais – entende-se que o vice-governador Otto Alencar, além de ser mais leve, é amigo deles e não os deixaria ao relento. Nisso podem ser incluídos até petistas que, com certos correligionários no governo, talvez não sonhem com muito espaço.



Almoço grátis: não existe
O quadro na oposição não é muito promissor. Atesta-o o fato de até seu líder na Assembleia estender tapete vermelho para um governista declarado, pois Otto, nesse processo, se diz um humilde e inapetente seguidor de Wagner.
É verdade que a oposição não tem ninguém. A menos de fatos politicamente meteorológicos (a tal história das nuvens que se movem), deduz-se que o prefeito ACM Neto vai ficar onde está, o prefeito de Feira, José Ronaldo, também, e não haverá candidato para enfrentar o governo.
A conclusão é inevitável: “Então, o governo elege qualquer um!” É possível, mas vale lembrar que, qualquer que tenha sido o resultado depois de contados os votos, assim como o almoço grátis, não existe eleição fácil.
É com base nessa sentença que outros nomes se apresentam, acenando com, supostamente, melhores condições. Dois exemplos são o deputado Marcelo Nilo e a senadora Lídice da Mata, esta última pedindo a Deus que seu partido não tenha candidato a presidente e ela possa compor-se por aqui.
Não confundam apoio com apoiamento
A inexperiência parlamentar do deputado Uziel Bueno (PTN) fê-lo sofrer mais um revés na sua vertiginosa carreira, mas, na verdade, não há o que estranhar: é prática mais do que corriqueira nas câmaras e assembleias a retirada de assinaturas em projetos, requerimentos e outros instrumentos.
O parlamentar pode assinar um documento por não ter atentado para determinado aspecto de suas consequências, pode também desejar pressionar algum setor com a possibilidade da aprovação de uma lei ou realização de investigação e pode, ainda, até acreditar de verdade no que está fazendo.
Entretanto, qualquer que tenha sido a motivação, o signatário tem pleno direito de recuar. Até se usa, no meio político, uma palavra para designar essa primeira etapa: apoiamento. O cidadão botou lá o jamegão dando “apoiamento” à causa. Depois que as águas baixam é que ele vai ver se dá “apoio”. Uziel não aprendeu isso na televisão.
Em Casa de iguais, ninguém pode mais
Por outro lado, não se pode condenar o jovem deputado pelo fato de ele ser, ao mesmo tempo, radialista e parlamentar. Isso é fato comum, e a legislação delimita com exatidão os campos de atuação para que, na campanha eleitoral, reduza-se a nível aceitável a influência que tal condição possa ter.
Não podem os deputados se deixarem tomar por um corporativismo localizado para tentar restringir a ação do colega, apontando-lhe falhas que muitos têm sem que tenham sido questionados. Popularmente falando, não dá para usar dois pesos e duas medidas. Eventuais ações de moralização têm de ser generalizadas.
Isso não nos impede de reconhecer que Uziel, também por falta de experiência, haja errado ao atacar nominalmente, da tribuna, os deputados que retiraram as assinaturas do requerimento da CPI do futebol, inviabilizando-a. É tarefa dos jornalistas que cobrem a Casa. O atrito vai reforçar o cerco contra ele.
          Colaborou com essa coluna o jornalista Luis Augusto editor do Blog Por Escrito