Seleção Brasileira: Ganhamos o que mesmo ?
Como nossa impressa esportiva é passional! Bastou a seleção de Mano Menezes (e da impressa, claro) ganhar o que a rede Globo resolveu batizar de superclássico das Américas para que todos os problemas deste grupo (que nunca será um time, pelo menos com o atual treinador) fossem sanados. Meu Deus! Não é possível que os ditos analistas esportivos não tenham percebido que o sucesso da seleção deveu-se, em grande parte, a liberdade dada aos nossos atacantes principalmente do setor esquerdo do campo onde Cellay fazia tudo menos marcar. Mano está de parabéns apenas por, finalmente, ter enxergado que Lucas vem jogando muito mais bola que Ganso, Diego Souza ou qualquer outro que ele tenha escalado para a posição (se é que merece crédito alguém que precisou de um ano a mais que qualquer torcedor para perceber tal fato).
Quem leu e acreditou integramente nas manchetes da última quinta-feira sentiu-se campeão da Copa América, na qual o Brasil (para quem já esqueceu) fracassou precocemente, jogando um péssimo futebol, sendo incapaz de, sequer, fazer gols em seleções como a Venezuela.
É nesse espírito, a fim de evitar, a todo custo, a passionalidade que venho declarar exatamente o oposto do que todos disseram nos últimos dias: Adeus Mano! No começo, tentei entender, relevar e minimizar a responsabilidade de nosso treinador. Até sou capaz de afirmar que o mesmo é isento de culpa pela safra de meninos mimados que muitas esferas da impressa ajudaram a criar. Mas acho também que paciência tem limite e o Mano já havia estourado a minha desde o amistoso com a França há sete meses.
Não pela convocação, pela forma de jogar, exatamente. Isso tudo é parte do jogo. Mas pela “teimosia” em não se posicionar de lado nenhum, tentando não ser um Dunga, e de fato, não é. Dunga tinha linha, ganhava ou perdia pelas suas convicções, tinha personalidade.
Esquece a seleção que jogou com a Argentina! Eram apenas jogadores atuando nos domínios territoriais de suas nações (e graças a Deus – os melhores argentinos contra os melhores brasileiros, com Mano no comando já vimos o que acontece). Vamos ao que interessa: a lista principal. Aquilo que imaginamos ser nossa seleção hoje.
Primeiro queria que o leitor fizesse um exercício de abstração comigo. Quando selecionamos ovos para uma omelete, o que fazemos? Pegamos os melhores, correto? Não importa se um ovo está na geladeira há duas semanas ou dois dias. É seguindo esse princípio que para mim seleção é pra quem joga de titular em time grande em alto nível ha pelo menos um ano. Não colocaria em minha omelete ovos de procedência desconhecida, como não escalaria garotos com três meses de bola. Só para citar alguns nomes, lembre-se que Dodô, Ortega, Elivélton, Alex Alves e tantos outros surgiram mais forte que Messi e Neymar.
E os volantes de mano? Nossa! Existem três prá lá de contestáveis. Fernandinho e Luiz Gustavo eu, nem quase nenhum torcedor conhece direito e Lucas Leiva joga mal na seleção há tempos. O Elias não é meia, é volante, mas Mano ou quer fingir que joga com dois meias quando o escala, ou quer queimar o jogador.
Alguém realmente acha que nomes como Jonas e Kleber devem aparecer em convocações?
Infelizmente, alguém fez Mano acreditar que ele deveria tornar-se o anti-Dunga, ser o cara educado que a imprensa adora e por outro lado não tem a menor convicção do que está sendo feito. Prefiro mil vezes um Dunga peitando todo mundo com o Felipe Mello do que o Mano indo pra lá e pra cá toda convocação, tentando agradar a todos.
Como está claro que do atual treinador teremos qualquer coisa, menos personalidade, está na hora de dar tchau. Já esperamos demais para ver “cara de técnico no atual grupo que representa nosso futebol. Vocês conhecem caso de sucesso onde o líder ficou ouvindo e, pior, tentando agradar a “gregos e troianos”? Parreira peitou a todos em 94 e foi campeão, voltou em 2006 a fim de agradar a impressa e fez uma campanha medonha com um grupo bem melhor do que tinha em mãos 12 anos antes. Filipão mal dava bom dia a nossos repórteres, mas saiu do oriente com o penta. Dunga ganhou tudo antes da copa e se não fosse surpreendido pelo escanteio com o qual Juan resolveu presentear os holandeses voltaria da África do Sul hexa.
Bastaria que mano fizesse o simples! Afinal, o que você pretende, Mano? Renovar na marra? Agradar a mídia? Vencer jogos? Construir um time? Ou simplesmente se manter no cargo?
E nós, o que queremos? Quando vamos nos manifestar?