O PT derruba mais um

21 de maio de 2011 \\ Osmando Barbosa

O panorama político nacional está efervescente! Não, definitivamente, não teremos eleições em 2011. Mas a movimentação partidária após a “morte anunciada” dos Democratas agita os partidos de oposição ao governo federal. O primeiro sinal de que o partido estava agonizando foi perceptível quando o maior (e talvez único) “campeão de votos” dos DEM, Gilberto Kassab, resolveu deixar a legenda e fundar o PSD.

Logo depois, a saída de Raimundo Colombo do partido também para o PSD, mesmo sendo esperada, foi outro duro golpe na bancada DEM. O anúncio se deu depois de uma reunião, em Recife, de Colombo, com o prefeito Gilberto Kassab e o anfitrião, o governador Eduardo Campos – um dos interlocutores preferenciais de Kassab neste processo de criação do novo partido. A saída de Colombo do partido estava clara desde que o mesmo sugeriu “a fusão imediata do DEM com o PSDB como única forma de não seguir rumo ao PSD”. Como isso não é assunto para já, e sim para 2012, Colombo saiu.

Contudo, o desligamento que mais chamou a atenção foi o de Jorge Bornhausen. Pode-se dizer que sua saída é uma espécie de “tiro de misericórdia” no partido que vem minguando a cada eleição.  Está assim, cada vez mais claro que a extinção definitiva do DEM é uma questão de tempo, ou de calendário eleitoral. Ele deve sobreviver formalmente até a eleição municipal de 2012, contudo não chegará a 2013. Ao final das próximas eleições, três serão os fins previstos aos democratas: fundir-se ao PSDB, ser incorporado ao PSD ou “morrer de inanição” - por falta de perspectiva eleitoral.

O DEM foi o partido que mais sistematicamente fez oposição (e dura) ao governo do PT. Em particular no período Lula (claro que diante de sua crise interna, não consegue cumprir o mesmo papel e Dilma hoje tem “refresco”) e perde espaço para o novíssimo PSD, criado justamente por aquele que seria o único nome popular (e reconhecido como competente por todos) no momento atual da legenda: o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Como que por ironia do destino, o PSD se estrutura com apoio de governistas, como o governador da Bahia, Jacques Wagner, com o propósito de ser um braço governista em alguns Estados. Ou seja, a missão do novo partido difere em muito daquela anteriormente adotada pelo DEM. Será que ninguém consegue enfrentar o PT? Será o PT imbatível?

Jorge Bornhausen acaba de formalizar seu desligamento do partido - e diz que não vai se filiar a outro - embora seu grupo político em Santa Catarina tenha optado pelo PSD. Ele deixa o partido que fundou em 2007, alegando na ocasião, o objetivo de ”renovar” o antigo PFL – partido que nasceu como uma frente para eleger a chapa Tancredo Neves - José Sarney, contra Paulo Maluf. Como etapa deste projeto, o PFL mudou de nome, de símbolo, e o comando foi assumido por uma geração mais nova e o escolhido foi Rodrigo Maia (RJ), obrigado a deixar a presidência do partido, agora, para prolongar a sobrevida da legenda – o que não se confirmou.

 O fim do DEM não representa o fim qualquer partido. Com ele, estão sendo eliminados todos os resíduos daquele que foi “o maior partido do ocidente”, a Arena. Aquele partido que deu sustentação ao governo brasileiro depois do golpe militar de 64 e durante toda a ditadura. Da Arena nasceu o PDS – que em 84 apoiou a candidatura de Maluf à presidência da República. E uma dissidência dele, comandada na ocasião por Bornhausen, Marco Maciel, ACM e Hugo Napoleão, formou a Frente Liberal que, mais tarde, oficializou-se como PFL, até 2007 ganhar o nome de DEM.

Claro que o fim do DEM polariza ainda mais a política brasileira entre PT e PSDB. Caberão aos demais partidos se movimentarem como um pêndulo a fim de se juntar a um ou a outro (sendo mais atrativo quem está no governo, claro).

Os que deixam o DEM pelo PSD alegam que após a crise do partido no Distrito Federal, chamada “mensalão do DEM de Brasília”, que tirou do cargo o então governador José Roberto Arruda, o partido está marcado e não garante mais futuro a ninguém na vida política. No entanto, não foi só a corrupção que fez do DEM um partido agonizante. O DEM perdeu espaço político porque perdeu o diálogo com a sociedade. Tentou empunhar novas bandeiras, como a da redução de impostos, mas já parecia tarde e contaminado pela crise do mensalão de Brasília.

Agora, entra em cena o PSD que, segundo seu criador (e amigo de Bornhausen) Gilberto Kassab, não será de direita nem de esquerda, e também não vai exigir fidelidade de seus filiados. Todavia, na opinião desse que vos escreve, o PSD já nasce com problemas. Quem votará em um partido sem plataformas? Sem propostas? E pelo amor de Deus, não exigir fidelidade!