QUE TAL SEGUIR OS CHINESES?

07 de novembro de 2013 \\ Osmando Barbosa

Bem oposto ao que muitos esperaram, anos atrás, o céu não era o limite. Muito pelo contrário do que já torciam outros tantos, o abismo também não foi alcançado. Pois é, caro leitor, a economia chinesa desceu das alturas, mas escapou de um “pouso forçado”. Ao crescer 7,8% no terceiro trimestre, o gigante mostra que o pouso está mais para “suave” e traz algum alento para o mundo.
 
Enquanto eles respiram com algum alívio, o Brasil segue emperrado no dilema do equilíbrio entre os juros e a inflação. A repetição desse tema no debate sobre a economia brasileira revela que o país ainda não se livrou da ameaça dos males que uma inflação mais alta pode causar.
 
A duas semanas saiu o resultado do IPCA-15 de outubro, uma prévia do que será a inflação do mês – alta de 0,48%, segundo IBGE. Número 0,2% acima do esperado, mas tudo bem. A questão é que, para combater essa inflação, o Banco Central ainda não encontrou a taxa de juros mais eficaz. E não é fácil esse trabalho, não é não.
 
A análise feita pelo próprio BC na ata do Copom divulgada a dez dias reconhece que a inflação brasileira “ainda” é resistente, e teme os “danos que a persistência desse processo” podem causar na confiança sobre economia. Para evitar esse possível estrago, o Copom reconhece ser “necessário que, com a devida tempestividade, o mesmo seja revertido”.
 
Aí está o dilema. Quando baixou os juros para 7,25%, o BC fez um teste arriscado – será que o Brasil já estava pronto para conviver com taxas de juros menores? As evidências vêm mostrando que não. Afinal, bater o recorde de juros mais baixos na história não foi consequência de outro recorde – a menor taxa de inflação da história.
 
Pelo contrário, em 2011, quando começou a reduzir os juros, o IPCA foi de 6,5%. Em 2012, quando alcançou os 7,25%, a inflação foi de 5,84%. Esse comportamento dos preços revela que a dinâmica da inflação no Brasil é teimosa e “nervosinha”. Qualquer imprevisto na rota imaginada pelo BC, a “moça” reage com força e rapidamente.
 
E foram muitos os imprevistos. E era muito pouca a margem de manobra do Copom. E o mundo começa a se recuperar. E vamos então para mais uma rodada de juros de dois dígitos. E o Brasil vai para o fim da fila porque não conseguiu avançar numa premissa fundamental para incentivar o investimento e o crescimento (sem vôos de galinha) – um equilíbrio mínimo entre os juros e a inflação.
 
E se estes problemas não já fossem suficientes, a concorrência na América Latina cresceu muito. Além de Chile e México, agora temos a Colômbia com uma boa política de atração de investimento. Eles sabem para quais setores e de quem buscar o dinheiro. Nós não temos isso. Nunca fizemos esforço para buscar o investimento e nos momentos de bonança não fez diferença. Agora que a fartura acabou, não temos estratégia de atração e ela vai fazer muita falta. Precisamos emergencialmente disso e quiçá que, como a China, os tempos ruins fiquem para trás.