MÚMIA DE 3.600 ANOS É ENCONTRADA NO SUL DO EGITO
De acordo com a religião egípcia, a alma da pessoa necessitava de um corpo para a vida após a morte. Portanto, devia-se preservar o corpo terreno. Preocupados com esta questão, os egípcios desenvolveram um complexo sistema de mumificação.
O processo era realizado por especialistas em mumificação e seguia as seguintes etapas. Primeiro, o cadáver era aberto na região do abdômen e retirava-se as víceras (fígado, coração, rins, intestinos, estômago, etc. O coração e outros órgãos eram colocados em recipientes a parte. O cérebro também era extraído. Para tanto, aplicava-se uma espécie de ácido pelas narinas, esperando o cérebro derreter. Após o derretimento, retirava-se pelos mesmos orifícios os pedaços de cérebro com uma espátula de metal.
Segundo, o corpo era colocado em um recipiente com natrão (espécie de sal) para desidratar e também matar bactérias. O próximo passo era encher o corpo já desidratado com serragem, então aplicava-se alguns “perfumes” e outras substâncias para ajudar na conservação e na boa aparência do mesmo. Textos sagrados eram colocados dentro do corpo. Por fim, o corpo era envolvido em faixas de linho branco, sendo que amuletos eram colocados entre estas faixas.
Após a múmia estar finalizada, era colocada dentro de um sarcófago, que seria levado à pirâmide para ser protegido e conservado. O processo era tão eficiente que, muitas múmias, ficaram bem preservadas até os dias de hoje.
Especialistas espanhóis descobriram um sarcófago com uma múmia de cerca de 3.600 anos na cidade de Luxor, a cerca de 700 quilômetros ao sul do Cairo, informou nesta quinta-feira (13) o ministro de Antiguidades egípcio, Mohammed Ibrahim.
Em comunicado, o ministro destacou que o achado aconteceu na região de Zeraa Abu al Naga, na parte oeste de Luxor, e data da época da 17ª dinastia (1580-1550 a.C.), que governou o sul doEgito a partir da antiga Tebas (atual Luxor).
A descoberta foi feita especificamente em escavações no setor norte da necrópole de Tebas, no pátio frontal da tumba de Yehuti, que era supervisor dos cofres da rainha Hatchepsut (1482-1502 a.C.).
Ibrahim destacou que a importância do sarcófago descoberto está em que é um dos denominados 'de pluma', porque tem uma tampa decorada em forma de penas de ave.
Ainda são necessários mais estudos para conhecer que títulos e postos teve em vida a pessoa à qual pertence o sarcófago, embora os exames preliminares indiquem que talvez tenha sido um alto funcionário da época, concluiu Ibrahim.
O chefe do Departamento de Arqueologia do Ministério, Ali al Asfar, disse que o sarcófago tem dois metros de comprimento, 50 centímetros de largura e 42 centímetros de altura.
Sua tampa é adornada com inscrições excelentes e textos de súplicas que, segundo a crença egípcia antiga, ajudavam o morto a superar as dificuldades do além, disse Asfar, destacando que as cores do caixão estão em excelente estado.
O diretor da área arqueológica de Luxor, Abdel Hakim Kerar, afirmou, por sua vez, que as escavações na área da descoberta começaram em janeiro passado.
Além disso, lembrou que no começo desta semana foram encontradas três fossas de sepulturas, e se confirmou que duas delas foram saqueadas por ladrões de túmulos de épocas anteriores.
O terceiro sepulcro, que está em bom estado, é um poço que desce a uma profundidade de quatro metros e termina em uma câmara que permanecia fechada com blocos de tijolos.
Quando estes blocos foram retirados o sarcófago, que é de madeira, foi descoberto, concluiu o responsável de Luxor.
Por último, o chefe da missão de especialistas espanhóis, José Manuel Galán, lembrou na mesma nota que começaram suas escavações em Zeraa Abu al Naga há 13 anos, e destacou que no ano passado outro sarcófago de madeira pertencente a uma criança de cinco anos, que também data da 17ª dinastia, foi descoberto.
Ao lado desse sarcófago foram encontrados objetos de cerâmica e estatuetas de madeira, envolvidos em panos de linho.