Quaresma – Tempo de conversão

24 de fevereiro de 2015 \\ Osmando Barbosa

Osmando Barbosa Caldas Filho
 
Um certo dia, ao tribunal
Alguém levou o jovem Galileu
Ninguém sabia qual foi o mal
E o crime que ele fez; quais foram seus pecados
Seu jeito honesto de denunciar
Mexeu na posição de alguns privilegiados
E mataram a Jesus de Nazaré
E no meio de ladrões puseram sua cruz
Mas o mundo ainda tem medo de Jesus
Que tinha tanto amor
Pe. Zezinho
 
Que tal começar com uma pergunta simples. De fato, o que é a Quaresma?
Quaresma é a designação do período de quarenta dias que antecedem a principal celebração do cristianismo: a Páscoa, a ressurreição de Jesus Cristo, que é comemorada no domingo e praticada desde o século IV.
 
A Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos, anterior ao Domingo de Páscoa. Durante os quarenta dias que precedem a Semana Santa e a Páscoa, os cristãos dedicam-se à reflexão, a conversão espiritual e se recolhem em oração e penitência para lembrar os 40 dias passados por Jesus no deserto e os sofrimentos que ele suportou na cruz.
 
Durante a Quaresma a Igreja veste seus ministros com vestimentas de cor roxa, que simboliza tristeza e dor. A quarta feira de cinzas é um dia usado para lembrar o fim da própria mortalidade. É costume serem realizadas missas onde os fiéis são marcados na testa com cinzas. Essa marca normalmente permanece na testa até o pôr do sol. Esse simbolismo faz parte da tradição demonstrada na Bíblia, onde vários personagens jogavam cinzas nas suas cabeças como prova de arrependimento.
 
Na Bíblia, o número quarenta é bastante frequente, para representar períodos de 40 dias ou quarenta anos, que antecedem ou marcaram fatos importantes: 40 dias de dilúvio, quarenta dias de Moisés no Monte Sinai, 40 dias de Jesus no deserto antes de começar o seu ministério, 40 anos de peregrinação do povo de Israel, no deserto etc.
 
Cerca de duzentos anos após o nascimento de Cristo, os cristãos começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 a Igreja aumentou o tempo de preparação para quarenta dias e foi assim que surgiu a Quaresma.
Agora sim. Vamos a pergunta mais importante. Como usar este período e me tornar uma pessoa melhor? Mais humana? Mais próxima de Deus?
 
Para isso, não vejo melhor exemplo que a parábola do filho pródigo. Nela vamos encontrar o mais significativo exemplo do que nós cristãos devemos entender por conversão. Abandonar os falsos deuses, que insistem em dominar o nosso coração, e ir ao encontro do Deus verdadeiro, o Pai. Ir ao encontro d’Ele e deixar-se transformar por Seu amor. Buscar essa nova fonte vida. Por isso, Jesus, ao ser procurado por Nicodemos, explicou-lhe que seria necessário nascer de novo para ver o Reino de Deus.
 
Podemos afirmar: aqui está o verdadeiro sentido da conversão: “nascer de novo. É essa a grande maravilha que Deus quer operar na vida dos seus amados. A conversão é recriação do ser, um fato mais admirável que a criação do Universo. É obra em primeiro lugar do Espírito Santo em nós, para que com sabor novo possamos compreender essa vida nova.
 
No período da Quaresma, a Igreja quer preparar seus fiéis, mediante a solene celebração do Tríduo
Pascal, para a renovação de nossa existência em Cristo. No entanto, caro leitor, a melhor tarefa para esse período é voltar aquele Testamento simples: “amar ao próximo como a ti mesmo”. Assim, deixo aqui o desafio. Antes do mero jejum de carne (que serve apenas para nos orgulhar de ter seguido), vamos abraçar outro tipo de exercício quaresmal. Vamos nos abster da indiferença com o próximo? Que tal tratarmos da mesma forma todos aqueles nos cercam? Vamos começar a tratar com as mesmas gentilezas o necessitado e o poderoso?   
 
Despeço-me de você, caro leitor, desejando uma quaresma rica em boas obras e fazendo minhas as palavras que figuram no hino da Campanha da Fraternidade: “Precisamos de gente capaz de curar feridas, que saiba escutar, acolher, visitar... as chagas do ódio e da intolerância se curam com o óleo do amor-compaixão”.